No Outono em Pitões das Júnias os serões são longos, há mais
tempo para que os pitonenses se dediquem a outros trabalhos para além da
agricultura e da pecuária. “Há sempre o que fazer”.
No caso específico das mulheres, uma das atividades usual nos serões da
década de 70 era fiar, urdir e tecer. Das ovelhas tirava-se a lã para tricotar
meias e tecer mantas, tapetes, colchas e aventais. Na atualidade poucas mulheres desta aldeia se dedicam a tais trabalhos. Trabalham a lã para fazer meias e tecer aventais no caso de terem alguma encomenda.
Em conversa com o Sr. António, mais conhecido por Preto este
dizia-me que " No meu tempo tecia-se no Outono, Inverno e Primavera; cada mulher tecia na sua
casa e quando não tinha tear ia tecer no da vizinha. Os aventais usaram-se
sempre mais do que as capas de Burel (Pitões das Júnias não tem pisão), quem
fazia uma era para a vida toda; na década de 50 as capas eram levadas para
pisoar nos Pisões. Fazer uma capa dava muito trabalho era preciso fiar a lã,
juntar os fios e torcê-los para que ficassem mais grossos tarefa bastante
demorada que se perdeu devido ao aparecimento do burel de fábrica. Os teares começaram a
desaparecer na década de 80”.
Nos dias de hoje existem alguns teares em Pitões das Júnias.
Na Corte do Boi existem dois que podem ser utilizados pelas
pitonenses.
No dia 1 e 2 de dezembro os teares deste Pólo vão estar em
funcionamento durante o evento Pitões à Mão –
Mercado Cultural . Visitantes e locais poderão rever o
que se fazia tradicionalmente e descobrir o que se faz na atualidade com a lã e
o tear.
As figuras seguintes mostram em esquema os teares do Barroso e são retiradas do livro Etnografia Transmontana de António Lourenço Fontes e do livro Esboço de Monografia Etnográfica - Pitões das Júnias de Manuel Viegas Gerreiro.