quarta-feira, 7 de novembro de 2018


No Outono em Pitões das Júnias os serões são longos, há mais tempo para que os pitonenses se dediquem a outros trabalhos para além da agricultura e da pecuária. “Há sempre o que fazer”.
No caso específico das mulheres, uma das atividades usual nos serões da década de 70 era fiar, urdir e tecer. Das ovelhas tirava-se a lã para tricotar meias e tecer mantas, tapetes, colchas e aventais. Na atualidade poucas mulheres desta aldeia se dedicam a tais trabalhos. Trabalham a lã para fazer meias e tecer aventais no caso de terem alguma encomenda.
Em conversa com o Sr. António, mais conhecido por Preto este dizia-me que " No meu tempo tecia-se no Outono, Inverno e Primavera; cada mulher tecia na sua casa e quando não tinha tear ia tecer no da vizinha. Os aventais usaram-se sempre mais do que as capas de Burel (Pitões das Júnias não tem pisão), quem fazia uma era para a vida toda; na década de 50 as capas eram levadas para pisoar nos Pisões. Fazer uma capa dava muito trabalho era preciso fiar a lã, juntar os fios e torcê-los para que ficassem mais grossos tarefa bastante demorada que se perdeu devido ao aparecimento do burel de fábrica. Os teares começaram a desaparecer na década de 80”.
Nos dias de hoje existem alguns teares em Pitões das Júnias. Na Corte do Boi existem dois que  podem ser utilizados pelas pitonenses.
No dia 1 e 2 de dezembro os teares deste Pólo vão estar em funcionamento durante o evento Pitões à Mão – Mercado Cultural . Visitantes e locais poderão rever o que se fazia tradicionalmente e descobrir o que se faz na atualidade com a lã e o tear.
As figuras seguintes mostram em esquema os teares do Barroso e são retiradas do livro Etnografia Transmontana de António Lourenço Fontes e do livro Esboço de Monografia Etnográfica - Pitões das Júnias de Manuel Viegas Gerreiro.